Lamentável a reunião que participei ontem do conselho municipal de Saúde de Biguaçu. O objetivo era esclarecer os repasses financeiros da prefeitura para a conveniada São Camilo que administra o hospital de Biguaçu. O fato é que os médicos estão sem receber salários fazem 3 meses e que o restante dos 266 funcionários podem ficar sem o pagamento das férias e décimo terceiro. Esse problema está ocasionando problemas no atendimento da população e por causa disso o presidente do conselho municipal de saúde, Marcelo França convocou a reunião para esclarecimentos sobre os repasses financeiros a conveniada.
São Camilo x PMB
O diretor da São Camilo, Gabriel Scalcon, afirmou na reunião que a prefeitura tem um débito de mais 1,3 milhão de reais com o hospital desde fevereiro. Já a prefeitura alega que só nesse ano já houve repasses que ultrapassam mais de 19 milhões a entidade e que a São Camilo virou o ano com caixa positivo de mais de 5 milhões. Scalcon informou ainda que o hospital quase paralisou nesse mês e que a situação está muito desconfortável.
3 Etapas
Gabriel disse que desde que a São Camilo assumiu a gestão do “Helmuth Nass” em agosto de 2015, com uma receita mensal de mais de R$ 1.248.000,00 (hum milhão, duzentos e quarenta e oito mil reais) haveria 3 fases de ampliação de serviços. E que cada conquista dessas fases (consultas/cirurgias – fase 01 – aberturas de mais leitos de internação – fase 02 - e criação da UTI adulto e pré-natal – fase 03) os repasses aumentariam ultrapassando o valor de 3 milhões mensal, o que não aconteceu mesmo sendo a 3 fases uma realidade desde setembro do ano passado.
O diretor reclamou também que houve um DELAY na troca de secretários de saúde e que por causa disso os repasses atrasaram e que naquela época iniciou-se uma animosidade entre os médicos que começaram a sofrer com atrasos em seus pagamentos.
Lado da prefeitura
Já a prefeitura alega, como já foi citado acima, que só esse ano já foi repassado a São Camilo mais de 19 milhões, que a transferência é de mais de 3 milhões mensais em média e que a conveniada virou o ano de 2023 para 2024 com mais de 5 milhões em caixa. A secretária de saúde do município, Ana Flávia disse que o prefeito já assinou o repasse de um recurso que quitaria os mais de 1,3 milhão de pendências que a administração da São Camilo alega. Além disso ela questionou o diretor da entidade sobre o que ele teria de proposta para resolver a situação criando visível desconforto a Gabriel Scalcon.
Resultado
As partes ficaram de achar uma solução porque o que não pode é atrasar salário de médico e prejudicar o atendimento da população. A São Camilo já tem fama de pagar o piso de enfermagem de forma picada e se existe repasse da prefeitura e mesmo assim salários são atrasados tem que se rever a gestão dessa entidade.
Agora se o repasse da prefeitura não está sendo cumprido como alega o gestor da conveniada, o prefeito Salmir tem que puxar a orelha da sua equipe porque isso não pode acontecer quando o assunto é saúde.
Falta de Transparência
Falta transparência e divulgação pública das contas da entidade. Tudo muito obscuro na minha opinião. Não adianta dizer que todas as informações estão no site porque todo mundo sabe que é um verdadeiro trabalho de detetive para entender a publicação das contas nos inúmeros passos que se tem para ter acesso aos números. Na reunião ficou evidente que inclusive os conselheiros estão desinformados sobre prestação das contas e isso é sério porque estamos falando de verbas que ultrapassam milhões.
O que é fato de verdade
Independente de quem está com a razão o fato é que existe salário atrasado de médico e a comunidade está sendo prejudicada no atendimento. Se a São Camilo não administra bem, que se faça outra licitação e contrate outra entidade para administrar o hospital. Se a prefeitura está atrasando repasses e devendo recursos tem que mexer na equipe prefeito. O que não pode é existir um hospital do porte do Helmuth Nass com problemas financeiros e de gestão. A situação não pode piorar.